quarta-feira, 5 de março de 2014

O fim do “Bangkok Shutdown”

O meu post de abertura coincide com o final do protesto “Bangkok Shutdown”.

Enquanto escrevo, a vida no cruzamento de Asoke (entre duas das avenidas mais movimentadas da cidade) volta ao “normal”. Este “normal” está entre aspas porque durante os últimos 2 meses os residentes de Bangkok tiveram de se habituar a utilizar caminhos ou meios de transporte alternativos para evitar esta zona, e ao fim de 2 dias de “desbloqueio” ainda não regressaram ao Normal.

O Normal é haver milhares de automóveis a batalhar por uma posição favorável no transito, que lhes permita ir na direcção desejada à velocidade estonteante de 100 metros por hora; o Normal é haver milhares de moto-taxis a serpentear agressivamente pelo imenso tráfego sem qualquer apego pela vida; o Normal é não haver pessoas a andar a pé e a tentar atravessar a estrada descontraidamente; o Normal é não se conseguir passar naquele sítio sem se sentir incomodado com os fumos dos escapes, o matraquear barulhento dos tuk-tuks, as inúmeras bancas de venda improvisadas no chão que teimam em pôr-se debaixo dos nossos pés. Hoje Asoke é apenas “normal”.

A mesma analogia se pode utilizar ao nos referirmos à situação política na Tailândia.

Ao anunciar o fim do “Bangkok Shutdown”, o líder dos manifestantes Suthep Thaugsuban, confirmou o desmantelamento dos palcos de protesto e o desbloqueamento das estradas nos 5 pontos nevrálgicos da capital: Pathumwan, Asoke, Silom, Ratchaprasong e Chaeng Watthana. Mas transferiu todas as pessoas desses 5 pontos para o parque Lumpini (o maior da cidade) e anunciou que iriam continuar a invadir e bloquear o trabalho de ministérios e secretarias de estado, assim como “negócios” da família (da primeira-ministra) Shinawatra.

As eleições foram finalizadas a 23 de Fevereiro nos locais onde tinha havido boicote no dia 2. Mas como podem estas ser representativas, se o Partido Democrata (principal partido da oposição e directo apoiante das manifestações) se recusou a participar e houve províncias inteiras onde não foi lançado um único voto?

A primeira-ministra Yingluck Shinawatra demonstrou a intenção de convidar o secretário geral da ONU Ban-Ki Moon para mediar a crise política, à qual Suthep respondeu dizendo que as Nações Unidas não entendiam a génese do conflito da mesma forma que o povo Tailandês e que, para além do mais, a primeira-ministra não sabe falar bem Inglês, o que dificultaria o diálogo...

                                   Asoke 04/03/2014                                          Asoke 14/01/2014

O fim do “Bangkok Shutdown” está longe de representar o regresso à Normalidade. Tal como a vida em Asoke, a situação política na Tailândia está num período de hibernação, com o objectivo de repensar estratégias e planear os próximos passos. Resta saber até quando.

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