segunda-feira, 10 de março de 2014

O estranho caso do desaparecimento do MH370

O desaparecimento do voo 370 da Malaysia Arilines é a notícia que tem feito manchete nos meios de comunicação um pouco por toda a Ásia Oriental, inclusive na Tailândia. O estranho desaparecimento tem criado diversas teorias de conspiração.

O voo partiu de Kuala Lumpur no Sábado às 00:40 da manhã com destino a Pequim, levando 239 pessoas a bordo, e deixou de dar sinal 1 hora mais tarde, ao largo do Golfo da Tailândia, quando se preparava para entrar no espaço aéreo Vietnamita. Passaram-se mais de 48 horas desde o sucedido e há imensas discussões sobre o que pode ter acontecido a este avião, começando a ganhar peso a teoria de acto terrorista, sob a forma de airjacking.



As principais razões prendem-se com o facto de não ter havido qualquer sinal de emergência dado pela tripulação durante aquela hora de voo apesar de, minutos antes de perder o sinal, o avião ter mudado de rota em direcção à Malásia, de onde tinha partido. Para além disso, foi revelado pela Interpol a existência a bordo de 2 passageiros com passaportes roubados. Ambas as pessoas que viram a sua identidade roubada (1 Italiano e 1 Austríaco), tinham participado a perda do passaporte em 2013, aquando da sua estadia na Tailândia. Os passageiros que usaram estes passaportes roubados dirigiam-se para Copenhaga e Frankfurt, e ambos tinham escalas em Pequim e Amsterdão, tendo comprado os bilhetes simultaneamente na China Southern Airlines. Tudo isto cheira a esturro e é mais que óbvio que, mesmo que não se trate de terrorismo, há uma ligação criminosa qualquer.

Estrangeiros a perder passaportes na Tailândia é algo muito frequente. Desde o frenesim de Bangkok e das Full Moon Parties em Koh Pang Nga, aos roubos por esticão em motorizadas em Pattaya e Phuket, há muitas situações em que tal acontece. E há também muitos interessados em adquirir tais documentos. Os Tailandeses apelidam-nos de "máfia" e confirmam a sua existência nos lugares mais turísticos da Tailândia (Phuket, Samui, Pattaya) e nos centros de "regabofe" e prostituição de Bangkok (Nana, Patpong). São muçulmanos, são russos, são chineses... são a "máfia".

Quanto à possibilidade de acto terrorista, normalmente estes são reivindicados algumas horas depois sendo que, neste caso, ainda não houve alguém a fazê-lo. Tentar especular que grupo poderia estar por trás de tal rapto também não é tarefa fácil. A Ásia Oriental está pejada de conflitos, disputas territoriais e grupos separatistas, muitos deles completamente desconhecidos de quem não vive na região. Desde que cheguei à Tailândia, comecei a tomar conhecimento de alguns deles e, nestes 2 anos, já houve imensos casos que resultaram em centenas de mortes:

- Estados secessionistas de Myanmar: Rakhine, Chin, Kachin, Shan, Karen, Arakan (Rohingya), etc - de 2011 até hoje - guerrilha nas florestas e montanhas com diversas notícias de atentados a comunidades civis e perseguição étnica;
- Movimento para separação do território de Papua da Indonésia - diversos atentados pontuais a civis e militares Indonésios entre 2011/2013;
- Estados secessionistas do Nordeste da Índia - de 2011 até hoje - Movimentos políticos e diversas notícias de atentados a comunidades civis e perseguição étnica;
- Independência unilateral da República de Bangsamoro (territórios na Malásia e Filipinas) em 2013, prontamente anulada por acção conjunta entre os exércitos Malaio e Filipino;
- Insurreição nas províncias do Sul da Tailândia - de 2011 até hoje - diversos atentados à bomba, cercos a colunas do exército Tailandês, assassinatos de políticos e professores ligados ao regime central Tailandês;
- Movimento separatista Uyghur em Xinjiang (Noroeste da China) - desde 2013 e responsável pelo atentado na cidade de Kunming no início deste mês, onde 29 civis morreram esfaqueados.

Estes são os conflitos que me lembro de ver nos jornais e muitos deles já duram desde tempos da Guerra Fria. No passado, muitos conflitos foram abafados e pouco denunciados na comunidade internacional, o que levou a tomadas de posição extremas para publicitação da causa. Hoje em dia, os meios de comunicação existentes facilitam a propagação da mensagem, como vimos na Primavera Árabe ou mais recentemente na Ucrania. No entanto, ainda há muitas rebeliões e disputas por resolver deste lado do globo, que raramente são mencionadas fora dos media regionais.

O caso do MH370 tem criado tanta especulação à sua volta porque só ouvimos falar destas situações em lendas do triangulo das Bermudas. Não me lembro de um avião comercial, carregado de passageiros, ter desaparecido sem deixar rasto. E actualmente a tecnologia existente deveria tornar impossíveis estes acontecimentos, tenha sido um acidente ou um rapto. Era o que eu julgava...

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