quarta-feira, 7 de maio de 2014

Fotos que contam histórias: estranhos paladares asiáticos


Ora viva!

Hoje vou abordar o tema da culinária novamente, desta vez para vos falar das coisas mais estranhas que comi desde que cheguei à Ásia!

Quando comento com alguém sobre a minha experiência na Tailândia, uma das questões mais óbvias é sempre se já experimentei gafanhotos ou grilos. Por alguma razão, há um preconceito estabelecido de que os insectos são parte importante da dieta tailandesa, mas na realidade a grande maioria das pessoas daqui nunca experimentou sequer tal iguaria. É verdade que em algumas regiões da Tailândia (nomeadamente Isan, no nordeste) têm-se por hábito comer insectos como petisco, acompanhado por uma cerveja, que nem tremoços. Mas um dos sítios onde mais se consomem os insectos é sem dúvida por Kao San Road (paragem quase obrigatória dos mochileiros em Bangkok), onde os farangs (o equivalente ao nosso "camone") enfiam pela boca larvas e escaravelhos para terem uma linda foto para colocar no facebook. Eu ainda não comi insectos e provavelmente não irei fazê-lo tão cedo.

De um modo geral, a Tailândia até é um dos países onde a dieta local é de mais fácil adaptação para quem vem de fora, mas há outras estranhas iguarias para além dos insectos:
- A sopa de ninho de pássaro é considerada um dos pratos mais requintados por estas bandas e é caríssima;
- Algas secas servidas em pacote de snack, como se fossem Doritos;
- Café torrado, previamente comido e obrado por elefantes (uma abordagem diferente ao café com cheirinho);

É nos outros países da Ásia que provavelmente encontramos as experiências mais exóticas, aqui vão algumas que se passaram comigo:


 Esta passou-se no Japão, por volta de Maio de 2012. Numa viagem de trabalho a Tóquio, o director financeiro japonês da minha empresa convidou-nos para comer sushi, e pelo meio dos primeiros cálices de saké, serviram-nos como entrada estes rebentos de soja. Depois de levar uns poucos à boca, o sabor não me pareceu familiar e uma análise mais cuidada revelou que os rebentos de soja tinham olhos... Na realidade são uns peixinhos bebés, uma espécie de sardinha, apanhados acabadinhos de nascer e comidos crus chamados de Shirasu. Maravilha...   




Este vídeo é mítico, Sanajki é uma autêntica iguaria da Coreia do Sul! Fiquei a conhecer este pitéu no filme Oldboy, e quando conheci os meus colegas coreanos logo lhes disse que queria experimentar. Isto é um pequeno polvo retirado vivo do aquário e  cortado em pedacinhos e temperado com óleo, cebola e umas ervas aromáticas (no filme, o actor principal come-o inteiro). O bicho está morto, mas os nervos dos tentáculos ainda estão activos e mexem durante vários minutos.


Aqui estou eu a comer um pedaço, depois de o mergulhar em pasta de malagueta para o adormecer um bocadinho, um belo truque que ajuda a que o tentáculo não se cole na língua ou na bochecha enquanto mastigamos.

A Coreia foi o único país onde passei mal depois de uma refeição. No dia da foto já estava recuperado mas uma semana antes tinha estado no hospital, depois de passar uma noite de sexta para sábado a vomitar... Num jantar com imensas pessoas ligadas a um projecto, acabei por comer (e beber) tudo o que me foi chegando à mesa, até porque é indelicado recusar comida a um colega coreano, quando ele faz questão de a servir no teu prato. Eu ia perguntando o que estava a comer e se me parecia muito estranho comia apenas um pouco, mas ao fim de uns quantos copos de Soju já tudo marchava de um modo aleatório... peixe cru, geleia de fígado de pato, sopa de caracóis, pepino do mar. No dia seguinte é óbvio que não sabia o que me tinha feito mal e a brincadeira saiu-me cara: 6 quilos a menos e uma semana a comer arroz branco.



Na China há imensos pratos estranhos que eu nunca me atreveria a comer, desde o ovo de pato fecundado ao esperma de peixe, passando pelas alforrecas cruas, e tantos outros da mesma categoria. O que está na fotografia é para meninos, quando comparado com tudo o resto que se pode comer por lá, mas esta sopa de malaguetas foi sem dúvida o mais estranho que me atrevi a comer nesse país. E garanto-vos que é a coisa mais picante que já comi na vida! Depois de umas colheradas, de cada vez que tentava meter outra comida à boca metade caía, tal era a dormência nos meus lábios e língua. Uma hora depois ainda tinha a boca a saber a papeis de música.





Finalmente, um dos pratos que mais me surpreendeu e que adorei foi o churrasco do Camboja. Aliás, adorei o país e tive imensas boas surpresas no Camboja. Visitamos Siem Reap numa altura de muito calor, quando o meu cunhado veio ter connosco há um mês atrás, e os miúdos estavam exaustos do passeio que demos nesse dia. Enquanto a Rafaela ficou pelo quarto com eles, eu e o Guilherme fomos ao centro da vila escolher um sítio para jantar. Um barbecue é sempre uma opção segura, mal sabíamos nós o que viria no menu... crocodilo e cobra! A cobra tem um sabor interessante mas a carne parece borracha, no entanto crocodilo é deveras muito bom e recomendo a todos os que passem pelo Camboja a experimentar.

Não são só os asiáticos que têm comida estranha, se pensarmos bem em Portugal também nos habituamos a comer coisas bem invulgares, que quando comento aqui na região, faz os locais pensar que somos loucos (caracóis e mioleiras costumam ser os que causam mais asco, se bem que eu não como nem uma nem outra). Pode ser diferente mas se há milhões a comer, é porque não deve ser assim tão mau, o truque é deixar o local escolher por nós e só perguntar o que é depois de provar. 

Mas não sejam brutos a comer, que o nosso estômago não acompanha o ritmo dos nossos olhos, nariz e boca!



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