domingo, 24 de agosto de 2014

Comic Con Bangkok: Ser "geek" está na moda?

Eu sempre fui um geek durante toda a minha vida. Desde cedo comecei a coleccionar cromos (e ainda colecciono), comprar banda desenhada (e ainda compro), a adorar jogos de tabuleiro (e ainda tenho muitos) e jogar Magic: the Gathering (e ainda jogo)! Se durante uma fase da minha adolescência tentei  esconder esta minha característica e optei por experimentar outras coisas (manias de hipster), nos últimos anos a minha faceta geek tem renascido, talvez porque estou mais velho e menos suscetível ao peer pressure (já dizia Samuel Mira: Cagando p´ra toda gente!) ou então porque ser geek está na moda, o que me deixa mais à vontade para ser eu próprio.

Na Ásia posso ser o geek que sempre fui, até porque o nível de geekismo deles é tão alto que eu passo despercebido. Quando estive em Tóquio a trabalho, aproveitei o fim de semana para passear pelo distrito de Akihabara, centro cultural Otaku do Japão. Aquilo que se encontra por lá é quase indescritível e assemelha-se a entrarmos numa realidade alternativa, quase como se estivéssemos dentro de um vídeo-jogo. Mais de metade dos transeuntes veste-se como o seu personagem favorito, num autêntico festival  cosplay improvisado, todos à procura daquilo que mais satisfaz o seu fanatismo: manga, anime, jogos, filmes, carros desportivos, fotografia, comboios, robôs ou banda desenhada ocidental.

Na Tailândia há um apreço especial pela cultura Japonesa, desde a culinária, costumes, vestuário e eventualmente a cultura Otaku. Apesar de não existir nenhum Akihabara em Bangkok, os jovens (alguns não tão jovens assim...) aproveitam todos os festivais, concertos ou convenções para libertar o seu geek interior, vestindo-se a rigor, deixando todos os preconceitos da sociedade Tailandesa de lado e abrindo os cordões à bolsa para aumentar as suas colecções.
 

No passado mês de Julho o Comic Con chegou a Bangkok e, como é óbvio, tive de ir experimentar tal evento. Nunca tinha participado em nenhuma até à data mas sempre tive um interesse enorme sobre o que por lá se pode encontrar. Uma das viagens que um dia gostaria de fazer é até San Diego para assistir ao maior Comic Con do planeta. As minhas expectativas era altas para este evento e andei em pulgas pensando no que por lá poderia encontrar! Principalmente estava à espera de muito cosplay, muita BD japonesa e de ter a sorte de encontrar algo interessante do universo Marvel, que pudesse juntar à minha colecção.

Acabei por visitar o espaço por duas vezes, uma no Sábado ao final do dia e outra no Domingo de manhã. A área era bastante grande, mas na minha opinião mal aproveitada. Os patrocinadores acabaram por ocupar uma fatia demasiado volumosa da convenção, o que à partida seria espectável, mas sem contribuir para o clima que se pretende numa comunhão deste género, pois não se esforçaram o mínimo para se misturar com a fauna e aderir ao conceito da Comic-Con. Foi triste de ver aqueles stands enormes de entidades bancárias ou estações de televisão por cabo, completamente ignorados e desligados de tudo o resto que os rodeava. A certa altura as pessoas já usavam essas áreas sub-aproveitadas para descansar as pernas ou para comer uma bucha, perante o olhar vazio do engravatado representante do stand, que provavelmente não teve ninguém a abrir uma conta no seu banco ou a assinar mais um cartão de crédito.

Tal como esperava, houve cosplay com fartura, com alguns deles bastante interessantes. A influência japonesa estava lá, mas acabou por ser mais eclético e variado do que esperava. Aqui vão alguns dos meus favoritos:

O quase incrível Hulk

Este grupo de 5 zombies trouxe uma atmosfera Walking Dead ao recinto

Um dos arqui-inimigos de Batman, o clássico vilão Penguin

Personagem de anime japonesa que infelizmente desconheço...

O herói favorito da minha filha, Spiderman

Muitos destes cosplayers vieram com intenção de entrar numa competição que ocorreu durante o evento, que teve imensos participantes, com fatiotas absolutamente originais e que eu nunca esperava encontrar! Algumas delas ainda hoje me pergunto como foi possível alguém se conseguir enfiar dentro de uma daquelas máscaras, ora vejam só o vencedor do concurso, que amealhou 25,000 baht:

Como é que alguém se consegue mexer ali dentro?

Por entre os diferentes stands, de tudo um pouco se pôde encontrar. Apesar de a BD japonesa ocupar a maior parte do espaço, haviam muitas áreas dedicadas a filmes ou séries, como Star Wars, Game of Thrones, Breaking Bad, Walking Dead ou Alien. Também havia um stand dedicado à Marvel, mas não tinham aquilo que eu procurava e apostaram mais no vestuário e outro tipo de merchandising em vez de disponibilizarem graphic novels ou figuras dos heróis, para além de os preços não serem nada convidativos...

No fim de contas, acabou por ser uma boa experiência que espero repetir nos próximos anos e que mais uma vez despertou o meu lado geek. Depois deste fim de semana, posso afirmar com toda a certeza que ser geek está na moda, especialmente na Tailândia, daí só ter a dizer mais uma vez: obrigado Bangkok!


Ah! E não me podia ter ido embora da Comic Con sem antes fazer isto:



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